sexta-feira, novembro 06, 2009

Quando Nietzsche Chorou

 

— Viva enquanto viver! A morte perde seu terror quando se morre depois de consumida a própria vida! Caso não se viva no tempo certo, então nunca se conseguirá morrer no momento certo.

— Você viveu sua vida? Ou foi vivido por ela? Escolheu-a? Ou ela escolheu você? Amou-a? Ou a lamentou? Eis o que quero dizer quando pergunto se você consumiu sua vida.

— O tique-taque do seu coração marca o tempo que se esvai. A avidez do tempo é eterna. O tempo devora e devora, sem dar nada de volta. Que terrível ouvi-lo dizer que viveu a vida que lhe foi atribuída! E que terrível encarar a morte sem jamais ter reivindicado a liberdade, mesmo em todo o seu perigo!

— O mesmo se dá com cada ação não realizada, cada pensamento natimorto, cada escolha evitada. Toda a vida não vivida ficará latejando dentro de você, invivida por toda a eternidade. A voz ignorada de sua consciência continuará clamando para sempre.

— Ensino que a vida jamais deveria ser modificada ou esmagada devido à promessa de outro tipo de vida futura. O imortal é esta vida, este momento. Não existe uma vida após a morte, uma meta para a qual esta vida aponta, um tribunal ou julgamento apocalíptico. Este momento existe para sempre e você sozinho é a platéia sua.

— Você deseja se tornar você mesmo — continuou Nietzsche, — Quantas vezes ouvi dizer isso? Quantas vezes você lastimou que jamais conheceu a liberdade? Sua bondade, seu dever, sua fidelidade… essas são as barras de sua prisão. Você perecerá dessas pequenas virtudes. Você tem que aprender a conhecer sua ruindade. Você não pode ser parcialmente livre: também seus instintos anseiam por liberdade; seus cães ferozes no porão… eles rosnam por liberdade. Escute atentamente: não consegue ouvi-los?

segunda-feira, outubro 26, 2009

Libertad

Highway_to_Heaven_by_katrinzzz

Andava pelo lado da estrada, passos leves, olhando para a frente. Na planície em meio as montanhas, o caminho sumia no horizonte. Até onde os olhos podiam alcançar, montanhas azuis cobertas por pinheiros e araucárias. No lado direito, à distancia, um rio corria no mesmo sentido da estrada, largo e escuro. Puxou um cigarro de palha do bolso, acendeu e deu uma tragada enquanto desviava o olhar para o céu, limpo e azul , apenas algumas nuvens navegando ao sabor do vento. Era essa a liberdade que estava procurando? Andar por aí sem destino, vivendo um dia de cada vez, sentindo ao máximo cada prazer que a natureza pode proporcionar, o sabor das frutas, o vento no rosto, o calor do sol. Caminhou para dentro de um pasto e sentou-se num tronco sob a sombra de outras árvores. Agora tudo que possuía era uma mochila. Minha casa é minha mente – pensou. Continuou tragando o cigarro e deu um sorriso para tudo que via, as montanhas, o céu e o rio. Se isso não é liberdade, eu não sei o que é – disse em voz alta e em seguida gritou para o infinito – Libertad! E um leve eco repetiu essa palavra, como que concordando. Agora começava uma nova época de sua vida, que a partir daquele momento era simplesmente imprevisível.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Simple Man – Lynyrd Skynyrd

 cw-supernatural-wallpaper-1024

 

Mama told me when I was young
Come sit beside me, my only son
And listen closely to what I say.
And if you do this
It will help you some sunny day.
Take your time... Don't live too fast,
Troubles will come and they will pass.
Go find a woman and you'll find love,
And don't forget son,
There is someone up above.

(Chorus)
And be a simple kind of man.
Be something you love and understand.
Be a simple kind of man.
Won't you do this for me son,
If you can?

Forget your lust for the rich man's gold
All that you need is in your soul,
And you can do this if you try.
All that I want for you my son,
Is to be satisfied.

(Chorus)

Boy, don't you worry... you'll find yourself.
Follow you heart and nothing else.
And you can do this if you try.
All I want for you my son,
Is to be satisfied.

Mamãe me falou quando eu era jovem
Venha sentar ao meu lado, meu único filho,
E escuta com atenção o que eu digo.
E se você faz isto
O ajudará em algum belo dia.
Leve seu tempo... não viva tão rápido,
Dificuldades virão e passarão.
Vai achar uma mulher onde encontrará o amor,
E não esqueça filho,
Há alguém lá em cima.

(coro)
E seja um tipo simples de homem.
Seja algo que você ama e entende.
Seja um tipo simples de homem.
Não fará isso por mim filho,
Se você puder?

Esqueça sua luxúria pelo ouro do homem rico
Tudo aquilo que você precisa está em sua alma,
E você pode fazer isto se você tentar.
Tudo aquilo que eu quero para você meu filho,
Será satisfeito.

(coro)

Menino, não se preocupe... você se achará.
Siga seu coração e nada mais.
E você pode fazer isto se você tentar.
Tudo que eu quero para você meu filho,
Será satisfeito.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Into the Wild

 

into-the-wild-costa

Há um tal prazer nos bosques inexplorados; há uma tal beleza na solitária praia: há uma sociedade que ninguém invade, perto do mar profundo e da música do seu bramir: Não que ame menos o homem, mas amo mais a natureza.

Lord Byron

 

Leve

 

Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.

Alberto Caeiro

quarta-feira, outubro 14, 2009

Gaia

_MISSING_YOU__by_evol1314

Ao caminhar nas verdes pastagens podia sentir o cheiro fresco e perfumado por ervas e folhas que soprava da floresta. Um vento leve e fresco soprava sobre seus cabelos, abriu os braços e queria abraçar a terra, sentiu que pertencia aquele lugar. Então se deitou aos pés de uma árvore, encostou seu corpo sobre a relva e repousou a cabeça no tronco maciço. Fechou os olhos. Quando nos desprendemos de um sentido, é como se os outros tornassem-se mais fortes: e em detrimento da visão o tato e a audição aguçaram-se. Sentir e ouvir a floresta é abrir a porta para o próprio inconsciente. O ressoar das folhas se mexendo na copa das árvores, o tranquilo caminhar do riacho, o murmurar das criaturas que ali habitam.

Podia ficar assim o resto da vida.

Bertram

ATgAAAC6Pwk4nfMw9oiKHHdcv51St9Sk-WzoKZfahny2La5v9PhMT-6IxBLCh8FtWj1wAAxo1JirYAAoMvAWsAscX-2jAJtU9VBP

O que é o homem? é a escuma que ferve hoje na torrente e amanha desmaia, alguma coisa de louco e movediço como a vaga, de fatal como o sepulcro! O que é a existência? Na mocidade é o caleidoscópio das ilusões, vive-se então da seiva do futuro. Depois envelhecemos: quando chegamos aos trinta anos e o suor das agonias nos  grisalhou os cabelos antes do tempo e murcharam, como nossas faces, as nossas esperanças, oscilamos entre o passado visionário e este amanhã do velho, gelado e ermo despido como um cadáver que se banha antes de dar a sepultura! Miséria! loucura!

 

Noite na Taverna – Álvares de Azevedo

quarta-feira, julho 22, 2009

Highway Star

_________________________

"Em troca da grandeza terrena

a falsa sociedade dos homens
os bens celestiais evapora."
George Chapman
_________________________


Sempre projetamos a felicidade em cima de bens materais, eles não são a felicidade em si, mas pensamos que podem traze-la. Não curto me prender em nada, pratico o desapego, mas ambiciono sim algumas coisas : uma harley, um whiskey.. e depois sumir no mundo. Posso pensar, e depois que conseguir essas coisas vou querer o que? Porque sempre queremos algo.. mas se eu não chegar até onde desejo agora, não vou poder saber o que vem pela frente. Não adianta prever e adivinhar, quero e tenho que ir la pra ver e sentir. Mas uma coisa eu sei, cara , meu destino é ser uma highway star. Uma estrela na estrada, sumindo no horizonte sempre que tiver vontade, sentindo o vento nos cabelos e o infinito pela frente.
Outra coisa que tenho certeza que vou fazer.. não posso morrer sem fazer isso. Não sei que caminhos me levariam a isso. Se eu pudesse..
Olhando uma paisagem, montanhas, um oceano delas.. e então todas as preocupações, os desejos, o passado, simplesmente desapareceram e eu pude ver por um momento o agora. Sem a névoa de frustação e dúvida humana que paira sobre minha consciência, minha mente calma como o silêncio, e eu pude ver o agora. Como acordar de um longo sono e perceber algo que sempre esteve ali, algo que é mais importante que tudo. E por um segundo que fosse: viver e existir ao mesmo tempo.
Como o agora seria?

Ao som de Deep Purple

Primeiro post !

Bom... não estou com vontade de escrever nada agora, mas é só pra estreiar!